segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Cover Baixo 02 - Outubro de 2002 - A Stax



O Som de Memphis
Sempre que pensamos em Memphis, a figura de Elvis Presley nos vem à cabeça, já que a cidade é a capital mundial da “elvismania”. Lá, você pode visitar Graceland, (a ex-residência do rei) ou então conhecer e até gravar no histórico Sun Studios. Só que a provinciana capital do Tennessee guarda outros tesouros a serem descobertos, principalmente pelos fãs do soul . Memphis é a terra da “Lady Soul” Aretha Franklin e no início, dos anos 60, foi a sede de uma dezena de gravadoras responsáveis pelo o que de mais visceral e autêntico aconteceu na história da black music. Alguns desses selos eram financiados pela poderosa Atlantic Records, inclusive o maior deles, que foi a Stax.
Fundada em 1959, a Stax contava em seu casting com nomes como Otis Redding, Carla Thomas, Wilson Pickett, Bar-Kays e Isaac Hayes, entre outros. A parceria com a Atlantic rendeu álbuns memoráveis e se estendeu também às duas subsidiárias que a Stax possuía, a Volt e Atco. O soul de Memphis, mais precisamente o da Stax, era caracterizado pela valorização do que se pode chamar de “som de raiz”, isto é, enquanto a maioria das gravadoras norte-americanas procurava sofisticar arranjos e harmonias, a Stax buscava cada vez mais realçar a essência e a simplicidade de sua música. Um dos segredos desse sucesso estava na maneira como as gravações eram conduzidas. Ao contrário da Motown, a Stax não contava com a colaboração de grandes arranjadores, quase sempre as músicas eram compostas dentro do estúdio, de maneira informal e com pouquíssimo tempo.
O que poderia parecer, a princípio, uma deficiência de produção, acabou por se tornar sua marca registrada. Ainda assim, essa aparente “crueza” fez da Stax a única gravadora a fazer frente à Motown em sua época de ouro. De 61 a 68, época de maior sucesso da gravadora, hits como “Midnight Hour” , “Soulfinger”, “(Sittin' on the) Dock of the Bay”, por exemplo, dispararam nas paradas de sucesso, fazendo muita gente ao redor do mundo balançar ao som da Stax.
De todos os baixistas que transitaram pelo numero 926 da Avenida McLemore (endereço do estúdio da gravadora em Memphis), Donald “Duck” Dunn foi o que esteve presente na maioria das gravações dos principais sucessos do selo. Duck fazia parte do lendário Booker T. & MG’s, ao lado do guitarrista Steve Cropper, do baterista Al Jackson Jr. e do líder da banda o tecladista Booker T. Jones. Pode-se dizer que o ruivo baixista criou, a partir das linhas clássicas de blues, uma maneira mais funky de tocar. Muito do que utilizamos hoje quando o assunto é integração baixo/ bumbo veio das experiências de Dunn junto ao seu companheiro de banda, Al Jackson Jr. O conceito de baixo e bumbo caminhando juntos (the lock) fazia a música pulsar deliciosamente dançante como no exemplo do groove de "Soul Man" da dupla Sam & Dave.
Para escutar:

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